[Exposição coletiva no Museu de Arte da UFPR/18.03.2022 - 18.05.2022]
Entre o aqui e o além.
Olhar apenas o começo e o fim, ignorando o durante na jornada, ignora que existe um além entre todo x e y. É como a ansiedade de sempre estar apertando os olhos para achar o destino no horizonte e esquecer de olhar pela janela. Dois pontos soltos no tempo e no espaço, quaisquer pontos, colocam um intervalo indefinível entre eles. São todas as possibilidades que surgem depois que é dada a partida; as voltas que podem ser percorridas até chegar lá. Esses caminhos, os intervalos sem regra, são onde as mudanças acontecem e algo novo se descortina para o mundo. O Grupo Em-cadeia lança seus pontos no espaço e no tempo. Estão todos aqui, mas não são todos iguais. Encontrar seu início e fim não é tão importante quanto explorar esse hiato: é o que o Grupo faz se utilizando da matéria, do espaço, de si e do outro, investigando o além que existe entre os dois pontos fixos no tempo.
Nas paisagens oníricas de Barbara Haro, surgem lugares com cara de sonho, visões de um outro momento que parece distante, mas não tão diferente do que conhecemos. Cenas que se preenchem de cor e luz, desdobrando-se pelo espaço, testando caminhos e formas para encontrar um equilíbrio, como fazem as pinturas de Luiza Urban. São estudos de elementos constitutivos de um lugar, oscilando entre a matéria e a imaginação. Luiz Gustavo Moreira continua essa pesquisa com suas imagens que vão do real ao virtual, vasculhando as coordenadas desses dois pontos. E porque cada espaço também se faz com vida, o eu e o outro também o habitam. Priscilla Durigan vai ao encontro do seu passado na procura dos elos com o seu presente, através das performances que realiza em três importantes marcos da sua história. Fragmentando-se pela sala estão os trabalhos de Isabela Picheth, estruturas que criam pontos entre si e o outro, para lembrar que um lugar se constrói também pelo contato entre aqueles que acabaram de chegar.
É o que acontece no interim entre o x e o y que importa para esses artistas, as lições que surgem da jornada. Aqui, eles escolheram o ponto de partida e chegada da sua própria realidade, e lançam para nós o convite da viagem.
Renan Archer, curador
Ao inscrever, no início de 2020, o projeto expositivo Entre x e y no Edital de Exposições Temporárias Musa 2020-2021, propúnhamos lançar diferentes olhares sobre o tempo e sobre o espaço. Logo no início do processo seletivo, iniciou a pandemia da covid-19 e o período de isolamento social. Percebemos que o projeto inicialmente elaborado precisava considerar os novos acontecimentos. O que apresentar no ambiente expositivo diante do que vivemos nos dois últimos anos?
Além de repensar as propostas de cada artista, acrescentamos o Sou visto enquanto vejo onde não estou, trabalho coletivo que desenvolvemos em 2020 que traz esse contexto recente, ressignificando toda a exposição. Ele acrescenta uma nova camada aos demais trabalhos, ao mesmo tempo que deixa entrever seu pensamento inicial, como uma velatura. Como se essa convivência e diálogo entre camadas fosse também a convivência e diálogo, na nossa memória, entre o período anterior e o durante a pandemia, entre o que se foi e o que nos resta.
Grupo Em-cadeia
Rodas de conversa/
Ativações da exposição
Dias em que os artistas estiveram presentes no espaço expositivo para conversar sobre seus trabalhos e sobre o processo de desenvolvimento
da exposição "Entre X e Y", considerando o período de isolamento e como este impactou a produção de cada integrante do grupo.
Os óculos VR estiveram disponíveis para os visitantes acessarem o trabalho "Sou visto enquanto vejo onde não estou" em realidade virtual.
Foram realizados encontros com turmas dos cursos de Artes da Universidades Federal e Estadual do Paraná e com o grupo do Atelier de Pintura do Museu Alfredo Andersen.
Notícia na mídia
Divulgação da Exposição Coletiva "Entre X e Y?", no Museu de Arte da UFPR (MusA), na UFPR TV.
Divulgação das ações realizadas