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[Trabalho coletivo no Solar do Barão / 01.10.2024 - 24.11.2024]

Um convite ao público para o debate artístico

A ação proposta pelo grupo Em-cadeia parte do desejo latente deste grupo de artistas, de instigar o público geral aos espaços e dispositivos da arte disponíveis na cidade. Por muito tempo, a não-comunicação com o público foi prática constante em exposições de arte. Nesta lógica, o visitante deve apreciar sem explicações, compreender e se conectar por si próprio com o material apresentado, alimentando uma ideia elitista de suficiência do olhar para a experiência com o objeto de arte. Fazendo perpetuar a noção do espaço do museu/galeria como dedicado exclusivamente a entendedores versados no assunto. Fica claro que para construir um ambiente confortável e aberto a debates mais plurais, o público precisa ser incluído na conversa, e ser compreendido não como um consumidor passivo do conteúdo, mas um participante ativo nas discussões ali levantadas.

Parte desta concepção o movimento de aproximação do público por parte do grupo Em-cadeia, que por meio de um ato de desobediência epistêmica, o artista se desloca ao espaço das ruas, e implora a atenção do transeunte, panfleta seu trabalho, desafia o cidadão e habitante do centro da cidade à desviar de sua rotina e embolar as engrenagens do movimento capitalista de trabalho e consumo. A criação de uma situação que quebra um cotidiano aparelhado pelo capital, se relaciona diretamente com as iniciativas realizadas pela Internacional Situacionista nos anos setenta. No entanto o que naquela época visava a superação da arte, acreditando o discurso dela seria “muito pouco” no contexto revolucionário, hoje compreendemos que estruturalmente as relações de poder são diversas, e a democratização (não só do espaço como do pensamento proposto por uma obra de arte) pode funcionar como movimento de desestruturação das micropolíticas de poder intelectual. A sensibilização proposta pela ação “ParePegueEntreEntregue” se materializa como algo que ultrapassa a ideia do trabalho, mas que também não se fecha à instituição. Se apropria de mídias e estratégias utilizadas na publicidade, e faz uma observação irônica sobre o consumo da cultura, as armadilhas e simulações que nos fazem acreditar e contribuir com o ideal de solidez das instituições de arte.

A concepção de incluir o público visitante na conversa não aponta puramente para um caminho didático de ensino, não é um fechamento no universo particular de uma afirmação oferecida pelo trabalho. Mas, em concordância com o conceito de “poética da relação” cunhado por Édouard Glissant, toma como mote uma proposta de relação como fundamento para vivermos em um mundo comum, onde todas as diferenças sejam aceitas e relacionais. Outras medidas de aproximação ao público foram trabalhadas neste projeto também, como a publicação de textos críticos nos espaços de divulgação do trabalho, e a proposta de contratação de um olhar externo ao circuito artístico. Um convite aberto de escuta sobre a ação proposta e a abertura de fala acessível ao visitante funcionam como mais um esforço de prolongamento da ação artística em direção à população. Estas práticas carregam de maneira intrínseca a função decolonial de engajar o visitante para dentro da conversa proposta, acessibilizar e incorporar as pessoas ao debate artístico, e consequentemente, ativar os equipamentos de cultura municipais e gratuitos.

Giovana Vespa, crítica

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ParePegueEntreEntregue: esferas azuis invadem o centro e convidam população a cocriar obra de arte

Grupo Em-cadeia está distribuindo objetos para serem depositados em rede no Solar do Barão, que irão se transformar em instalação artística ​​​​

Curitiba, outubro de 2024 - Pressa, surpresa, adesão imediata. São muitas as reações dos transeuntes que são abordados pelos participantes da performance ParePegueEntreEntregue, no centro de Curitiba. Desde o início do mês, o coletivo de artistas Grupo Em-cadeia deu início à ação que se espalha por diferentes pontos da cidade e irá culminar em uma instalação no Solar do Barão, no início do mês de novembro. O projeto tem texto crítico de Giovana Vespa e é realizado com recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba.

Composto por Barbara Haro, Isabela Picheth, Luiz Moreira, Luiza Urban e Priscilla Durigan, o grupo convida o público a participar ativamente da criação da obra. Na performance, artistas caracterizados como homens-placa distribuem esferas azuis, cada uma marcada com a inscrição "obra de arte", propondo que os transeuntes as levem até o Solar do Barão. Lá, as esferas são depositadas em uma grande rede orgânica suspensa no pátio externo, formando, ao longo da ação, uma instalação coletiva.

Ao abordar as pessoas, os integrantes do grupo explicam rapidamente do que se trata e qual deve ser o destino da esfera. Muitos imediatamente se dirigem ao pátio do Solar repetindo o ato lúdico de ver o objeto caindo na rede junto a dezenas de outros. Também há reações negativas e até indiferença. 

Com vídeos exibidos em outdoors digitais e nos televisores dos ônibus, o projeto também instigará a participação de públicos em outras regiões da cidade, expandindo a discussão sobre o que define um objeto de arte e como ele pode ocupar espaços públicos. 

ParePegueEntreEntregue explora temas recorrentes da arte contemporânea, como o acesso e a democratização da cultura, enquanto tensiona as fronteiras entre museu e rua. A pesquisa do grupo investiga processos artísticos participativos,  levantando reflexões sobre o alcance real da arte e a relação entre artista, obra e público. “O insistente convite para que o espectador adentre ao museu, por meio de várias ações inspiradas na publicidade, coloca em pauta a sempre debatida questão do acesso à arte, depositando seu destino (a quantidade final de esferas na rede do museu) nas mãos de espectadores não familiarizados com a arte contemporânea”, afirma a crítica de arte Giovana Vespa.

A expectativa é que a performance impacte até 70 mil pessoas, incluindo estudantes, trabalhadores e apreciadores de arte, desafiando todos a serem coautores da obra. O projeto também conta com uma página na web, onde o grupo disponibiliza partes do processo e dados sobre o trabalho, ampliando o debate sobre o acesso à arte.

Todas as atividades envolvendo a performance são gratuitas.

Dani Brito, assessora de imprensa

PARE: 

Pause a correria, segure um pouco a intenção da prática, o porquê de ir e o horário pra chegar. No meio do caminho tinha uma obra de arte, e ela te convida a trazer sua atenção do futuro e posicioná-la no presente. 

 

PEGUE:

Agora tome para si este objeto, que é também um significado, uma pergunta, será uma responsabilidade? Essa simples esfera convida você a se incorporar a uma obra de arte, seu corpo agora é arte, sua ação agora é performance.

 

ENTRE:

É este o espaço que determina o que é ou não uma obra de arte, essas paredes carregam o poder de atribuir este status. Este é seu espaço? Você se sente em casa aqui? Lembre-se de que você é e carrega um objeto de arte. Inevitavelmente, existe um laço entre você e este lugar. 

ENTREGUE:

As relações são conjuntos de ações e reações. Entregar para o deslumbre coletivo o objeto que trouxe você até aqui é expor seu movimento. Sua ação está registrada. Agora, sua interferência no que chamamos arte fica evidenciada. O volume te integra a um grupo de ações e experiências vividas por tantos outros. Somando-se a uma rede de histórias onde cada fio segura um significado, uma pergunta, uma responsabilidade, ou será um objeto?

 

Neste trânsito de entregas e trocas, ParePegueEntreEntregue tece uma coreografia de gestos urbanos, onde arte e vida se encontram sem reservas. As linhas entre o que é espaço de cultura, público e artista se diluem, revelando a profundidade das relações que nos cercam e nos conectam. A intervenção não apenas ocupa o espaço do museu, mas também o amplia, criando uma experiência viva que provoca, questiona e ressignifica o olhar. É um convite a enxergar o cotidiano como uma dança, onde o simples ato de parar, pegar, entrar e entregar se torna uma obra em si.

Giovana Vespa, crítica

Eventos do projeto:

Ação

01.10.2024 - 09.11.2024

Mesa-redonda com artistas, crítica e bolsista-espectador

12.11.2024, às 19h no Solar do Barão

Instalação

até 24.11.2024

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Homem-placa. Usa o próprio corpo como suporte, performa a propaganda.
Artista. Panfleta seu trabalho.

Você já foi abordado por algum deles e devolveu a obra no museu?

Pare, pegue, entre e entregue.

Oficina de postais | contrapartida social

Como parte da contrapartida social, foi realizada uma oficina de postais com a turma de desenho da professora Denise Wendt, no Centro Juvenil de Artes do Paraná. Os estudantes registraram através de desenhos sua experiência na instalação e performance, e no verso de cada cartão postal, escreveram instruções para um happening. Os postais serão trocados e enviados entre eles.

FICHA TÉCNICA
Criação e Performance: Barbara Haro, Isabela Picheth, Luiz Moreira, Luiza Urban e Priscilla Durigan
Direção de Produção: Lucas Scalco
Crítica: Giovana Vespa
Projeto Educativo: Grupo Em-cadeia

Fotos: Patricia Mattos
Vídeos: Luiz Moreira e Isabela Lanave
Designer Gráfico: Barbara Haro
Estratégia Digital e Mídias Sociais: Barbara Haro e Luiza Urban
Bolsista Espectador: Iann Farias

Assessoria de Imprensa: Dani Brito
Assessoria de Publicidade: Flávia Medeiros
Costura e modelagem: Flávia Silva
Cenotécnico: Fabiano Hoffmann
Realização: Grupo Em-cadeia

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